"Para de cobrar das pessoas! Quem precisa de mudar é você!"

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A gente cresce e esquece

A gente cresce e esquece certas coisas; às vezes parece que aquele mundinho que vivemos quando crianças não significou nada, era só faz de conta; não se aprendeu nada com aqueles anos todos.
E assim a gente esquece que, mesmo adultos, ainda encontramos pessoas que fazem pouco caso de nós;
que não dão valor a uma amizade;
na verdade, a gente acha que amizade se constrói apenas por afinidade, vapt-vupt, numa turma de pós-graduação.
Que pecado, esquecer coisas tão básicas do nosso convívio social!
Que alguns sorrisos juntos não selam uma amizade, muitas vezes nem mesmo respeito um pelo outro.
A admiração que você aprende a ter por alguém de repente cai no vão, pois você percebe não só os defeitos, mas o que você não significa pra essa pessoa.
De novo você, de repente, se sente com 8 anos de idade, quando achou que todo mundo resolveu não gostar de você, e você se sente péssimo.
Só que agora você entende que não é esse o caso: as outras pessoas é que não são capazes de respeitar e amar, apesar de qualquer coisa, que amizades tem estes preceitos por base, e que é demorado e até difícil construir uma.
O problema não está comigo - acho mesmo que está é com o mundo.


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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O sono da mulher amada

“Amar, além de muitas outras coisas, quer dizer deleitar-se na contemplação e na observação da pessoa amada”, sopra o velho escritor Alberto Moravia,  sempre aqui na cabeceira.
Uma das melhores coisas da vida é observar a pessoa amada que dorme, entregue, para além dos pesadelos diários.
Como bem disse Antônio Maria, o grande cronista que aparece com ciúmes até da própria sombra no livro da Danuza, um homem e uma mulher jamais deveriam dormir ao mesmo tempo, embora invariavelmente juntos, para que não perdessem, um no outro, o primeiro carinho de que desperta.
Experimente você também, sensível leitora, ver o seu homem quando dorme. Há uma beleza nessa vigília que os tempos corridos de hoje não percebem.
Amar é… vê-lo(a) dormindo.
Cada mexidinha, cada gesto. O que sonha nesse exato momento? Tomara que seja comigo, você pensa, pois o amor também é egoísmo. Gaste pelo menos meia hora por semana nesse privilegiado observatório.
Psiuuuuu!
Ela dorme.
Mãozinha no ar, como se apanhasse pássaros, que coisa mais linda. Uns 23 minutos assim, mirei no rádio-relógio. A mão desce ao colchão, quase dormente, formigamentos. Coça o nariz. Põe a mãozinha direita entre as coxas.
Agora vira de lado, como os antigos LPs quando gastavam as seis músicas do A. E me abraça como nunca fosse partir, corpos viciados, almas em busca de um acerto.
Dorme, meu anjo.
Ela obedece.
Vigio o sono dela como um soldado zapatista. Como um cão zela o sangue do dono. Como se fosse um homem-exército e pronto.
Amar, no início era o verbo intransitivo da alemã professora de amor de Mario de Andrade. O idílio tem sobrevida, não como gênero, mas como vício, vício de amar. Amar de muito.
A mão desce agora sobre o meu peito, como se medisse meus batimentos. A mão direita volta para a arte de apanhar pássaros, que beleza, que diabos!
O ideal é que você, amiga leitora, durma do lado esquerdo da cama, o do coração, sempre. Mãozinha no ar catando pássaros. Até se acalmar de vez. Calmaria danada de horas, sem coreografias ou narrativas.
Sonha, sonha, sonha, minha menina.
Como é lindo a vigília ao sono dela.
Coça o nariz. Sussurra umas onomatopeiazinhas lindas de sonhos de besouros. Ela arruma os cabelos como algas, entorpeço num mergulho.
Observar o sono do(a) amado(a) é a melhor maneira de mapear a sua beleza. É a melhor maneira de conhecer o homem ou a mulher com quem dormimos.
E como são lindas aquelas marquinhas deixadas pelos lençóis no corpo dela. Um mapa de delírios! Melhor é lê-las como quem adivinha os sonhos e o futuro no fundo da xícara árabe ou nas cartas.
& Modinhs de fêmea
“A nudez da mulher é obra de Deus”. (William Blake)

Xico Sá

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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Filhos são um risco

Ter filhos é mais um risco que se assume na vida.

Mais um enorme risco de se magoar, se ferir, se machucar, morrer por dentro quando pensa que algo aconteceu ao menino, ou se aconteceu mesmo.

Risco garantido de ter o coração saindo pela boca pelo menos 1 vez ao dia, de preocupação, certamente.

Certeza de que a pior coisa que pode acontecer no mundo é acontecer algo com aquela pessoinha, é receber um fragmento qualquer de notícia que traga coisa ruim e já perder o sentido e a razão das coisas -  e também o juízo.

É que toda grande felicidade traz em si um grande risco - o de perder ou mudar.
Mas eu prefiro arriscar.

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Pais e filhos

Todo o mundo é formado por pais e filhos.
Todo mundo é pai ou filho de alguém.
E ver isso de fora faz parecer tão simples...
mas quando você começa a viver isso, não na condição de filho - dessa perspectiva também parece tudo simples - você percebe que é muito mais complexo e mais bonito do que simples.

Só de pensar que alguém (ou "alguéns") irá depender em tudo de você, que uma relação repleta de facetas irá se estabelecer, que ele irá parecer mais com um ou com o outro, e que emocionalmente você estará ligado àquele pequeno ser de uma maneira que você nunca imaginou...

Quando se reflete sobre isso, se percebe quantos milagres vemos todos os dias e tomamos como simples e comuns.


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