Hoje, no Santo Sacrifício, finalmente encontrei um sentido, um caminho, no meio de todo esse sofrimento de cólicas do João Miguel.
Quando fui ao 5º pediatra, ele me deu um bom apoio psicológico, dando exemplos de crianças que ele atendeu e que estavam gravemente doentes, ao contrário de Miguel, que é saudável - as cólicas são uma coisa bastante comum, atingindo 70% dos recém nascidos até os 3 meses. Eu já tentava pensar nisso, mas com os exemplos ficou mais real... apesar de eu não querer me apoiar na desgraça alheia; isso não é fé!
Porque, em meio a uma criança que chora muito, quase o dia inteiro em alguns dias, muito forte, perde a voz e o fôlego; e com o cansaço, a gente acaba se perguntando: "porque comigo?". É que aparecem as histórias das crianças que não tem nada - da vizinha, da secretária da vó, da irmã da tia -, e apesar das muitas histórias das crianças que tiveram muito (um funcionário de supermercado, quando viu nosso filho, perguntou logo se ele tinha cólica, e falou aliviado por já ter passado disso, que é muito difícil), as primeiras sobressaem. E a gente se pergunta porque não teve a sorte de ficar livre também...
Desespero, choro junto, ansiedade, ganho de quilos novamente de tanto comer de estresse. Sensação de estar presa em casa, um desnorteamento horrível - nem rezar se consegue direito.
Mas quando a gente vai a um extremo, como já fui em alguns outros momentos da minha vida, e continua clamando por Deus, chega uma hora que as coisas começam a fazer sentido. Logo eu que pareço filósofa, quero ir ao fundo dos "porquês": outro dia refletia sobre o porque de a maioria das pessoas querer muito ter filhos, no caso, nós mesmos; eu encontrei esse sentido.
Que eu já havia esquecido, dos meus outros sofrimentos.
Esqueci que quando vou aonde não consigo mais, além dos meus limites, depois que eu grito, que eu choro, que tento tudo ao meu alcance, eu meio que desisto de tudo, e aí Deus age. Caio quase sempre no mesmo erro, o de pensar que posso, sozinha, "consertar" as coisas. Paulo diz que "quando sou fraco, então é que sou forte" (2 Cor 12, 10) porque na nossa fraqueza é que Deus age. Se nos sentimos fortes, acabamos por fechar nosso coração para Ele.
E hoje, quando decidimos ir para a missa mesmo em cima da hora (o neném atrasa todo o nosso planejamento) e com ele chorando de cólica, confiando na providência divina, o Senhor foi à nossa frente. Ficamos num lugar fora da assembléia, mas que tinhamos visão total do altar e áudio bom. E o neném chorou várias vezes, mas acho que não atrapalhou muito.
Temos que fazer esse esforço. Contra nossa comodidade, e até a do nosso filho também, ir ao encontro de Deus. É isso que nos alimenta!
Comunguei com ele no colo, e o canto de comunhão falava do Bom Pastor, que o Evangelho narrou. Uma música do começo da minha caminhada, quando sofria por outras coisas. Me emocionou, e percebi o sentido. Eis a letra:
BOM PASTOR - Missionário Shalom
Sei Que É Misericórdia Teu Amor Por Mim
Porque Sou Tão Fraco Para, Então, Seguir
Não, Não Tenho Nada Em Minhas Mãos
Como Um Cego Nas Estrada, Nada De Valor Para Te Dar.
Me Leva Em Teus Braços, Meu Bom Pastor
Foi O Meu Cansaço Que Te Atraiu A Mim
Tantas Feridas, Tantas Fraquezas
Que Me Levam A Depender Do Teu Amor.
Foram as minhas feridas, minhas misérias, que me levaram no mais profundo da minha espiritualidade. Vale a pena sim, passar por isso, para retomar nosso amor primeiro; estávamos mornos na fé, desanimados. Agora sim, consigo dar graças a Deus mesmo na luta, como Paulo e Silas na prisão, e a esperar, porque com 3 meses isso passa! Ter certeza que o Senhor é misericórdia... e olha por nós!
Olha pro teu sofrimento e percebe que ele te leva além! Todos as nossas mazelas nos trouxeram alguma recompensa, só precisamos enxergar!
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