Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir os nãos que
a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir
desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar
café e continuar. — Caio Fernando Abreu.
Não, não é excesso de auto-piedade. É uma realidade que venho vivendo sem perceber, como uma rotina, como uma anestesia. Acordo cedo, ou não, acordo quando não dá mais pra fazer nada e saio correndo pro trabalho; pra começar, dormi tarde. É a experiência de continuar lavando louças apesar do olho estar ardendo de tanto sono, de aos pedaços ir arrumando a casa, um dia o banheiro, no outro as roupas, e chove e molha tudo e eu lavo de novo, a cozinha todo dia, o feijão não temperado que estragou...
E a frase do início se justifica porque "tudo bem". Longe de me sentir injustiçada como antes, sou apenas mais uma cristã e cidadã do mundo, com problemas como muita gente - na verdade, sem problemas como poucos podem afirmar!
E vou seguindo mesmo em frente, durmo, que pena que passou da meia noite de novo, mas olha, hoje eu cochilei no posto; amanhã dificilmente farei essa proeza, pois estarei no Big Help (urgência e emergência, lembra?).
Mas me faz diferença perder estes minutos de sono e escrever aqui. Porque terminei as orações antes do fim do dia (mesmo que ainda agorinha a última), porque isso, entre outras coisas, é que me faz sentir viva! Se eu só trabalho, trabalho, trabalho, em casa, no posto, no hospital, eu não vivo... se não orar também passa tudo em branco. A irmã noviça me disse bem que isso não pode dar certo, e que a vida vai passando sem eu ver.
Outra palavra certeira foi: tudo isso vai passar. Meu filho não será bebê pra sempre, meus empregos talvez por algum tempo, mas quem sabe se da mesma maneira? Se sim, outros aspectos da minha vida irão mudar...
E assim espero em Deus. Ela também me disse algo como "cerre os dentes e siga em frente". Eu entendi assim porque já vinha pensando nisso: viver além dos meus limites.
_
Nenhum comentário:
Postar um comentário