"Para de cobrar das pessoas! Quem precisa de mudar é você!"

domingo, 29 de novembro de 2015

Descompensada


Nós da área da saúde utilizamos muito esse termo "descompensado" quando queremos nos referir a um paciente que está com alterações em todo o seu organismo. Queremos dizer que há várias coisas em desarranjo naquele cliente, uma levando a outra num ciclo vicioso, e nem sabemos ao certo o que iniciou aquilo tudo.

Eu estava assim. Numa rotina intensa, saindo de um trabalho para o outro, meus alunos em reta final de monografia e eu sentindo toda a dependência deles e responsabilidade de orientar pesando sobre mim, e o velho quadro de ver a casa bagunçada - e justamente isso traduzindo a minha vida.

A oração permaneceu até constante em meio ao caos, coisa que logo sumia quando eu passava por isso antes, mas o que me incomodou foi meu estado de alma assim, descompensado, todo dia acordando cansada, já pela rotina que ainda estava por vir, e mesmo tendo um dia de descanso, isso não me recuperava, e eu continuava desmotivada, numa espiral para baixo. Reclamando de tudo, sofrendo em tudo, a TPM veio e foi embora, mas aqueles traços negativos não. Ressurgiram dúvidas que eu já havia sanado, e medo também veio me assombrar.

E me perguntei por quê não me equilibrei de novo! E aí me diagnostiquei descompensada, pois se não conseguia ver o que estava gerando aquilo, até porque talvez era uma série de fatores, eu precisava quebrar aquele ciclo onde quer que fosse.

Então, quebre o ciclo. Pense positivo, leia a bíblia, reze mais intensamente, espere o amanhecer, decida que vai viver melhor, e vai fazendo tudo diferente. E então, tudo vai aos poucos se encaixando, aquele coração que já estava atordoado de tanta coisa vai relaxando, entregando a Deus aquilo que nem bem sabe.

Deus é a chave do nosso equilíbrio, e O alcançamos quando rezamos, quando buscamos, quando lemos a bíblia.

Ainda não estou equilibrada, mas estou consciente, ativa, lutando para ficar saudável novamente.

Deus nos compensa e ainda recompensa!
TENHO FÉ!! :)

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Distração

Se não mantivermos o foco, facilmente nos distraímos.
O mundo tem todo tipo de chamariz, e a cada estação estamos preocupados com algo.
Fazemos um propósito, iniciamos a seguir, porém logo interrompemos e não temos perseverança, muito menos a vaga lembrança.

Em momentos de claridade na vida, percebemos o que é verdadeiro, real e importante:  Deus, a oração, família, amigos, trabalho, crescer, dedicação. Pode ser que nem tudo faça sentido nesse elenco, então vou exemplificar.

Deus é nossa primazia, nosso foco principal, e "tudo nos vem em acréscimo" (Mt 6, 33). É muito comum num momento de oração forte, num retiro, termos um encontro e sentir que Ele é o principal de nossa vida, e aí nos comprometemos a orar mais e com constância, a rezar o terço, ler a bíblia, ir à missa e etc. Creio que esse é o caso de distração mais comum, passo a vida inteira lutando com isso, uma coisinha de cada vez. No momento, já alcancei constância em várias coisas, mas ainda falta muito. É bom que sempre falte! Se convença de que nunca estará "à altura de Deus", que Ele entende isso, e que a tua vida é uma constante ida rumo ao Seu encontro. 

Com a caminhada na igreja, percebemos que precisamos nos voltar para a nossa família, que eles são importantes, que precisamos evangelizá-los e que muitas vezes somos a única ponte com Deus que terão. [Espero que todos na caminhada já tenham percebido isso!!] E aí nos dedicamos mais, começamos a amar todo mundo, até as primeiras discussões e desentendimentos novamente. E você precisa voltar-se para a misericórdia de Deus, para olhar como Ele e perceber que todos somos humanos, e que somos amados pelo Pai além de nossos defeitos. Precisa perseverar.

Os amigos entram na mesma jogada, aqueles que são de infância, os novatos, todo mundo que precisa de você e de Deus você tá abraçando, amando, suportando e rezando. Até que você se sente estepe, bobo, jogado, fraco, e quer mandar todo mundo se catar e viver sozinho. Menos mimimi e mais confiança em Deus. "Maldito o homem que confia em outro homem, e aparta seu coração do Senhor" (Jr 17, 5)

Mas e o trabalho? O trabalho é dignidade do homem, e Deus deseja que sejamos bons no que fazemos, que façamos para os outros como se fizéssemos para Ele. Pena que as vezes vem uns desavisados - até mesmo religiosos - que não entendem isso, e descrevem o trabalho como menosprezo para o homem "você vai para o trabalho, vende 8h do seu dia pro seu patrão, e chega em casa de saco cheio" (prefiro não referenciar a frase). E você se distrai com os colegas que não trabalham bem, com o chefe injusto, com o sistema público desonesto. Mas não se distraia: você é luz, você tem Deus. 

Crescer é avançar onde você estiver, é desejar mais sim, mas nunca fora de Deus. É não se distrair com um crescimento desordenado, mas não se distrair com as coisinhas por aí que te impedem de crescer. Pode ser financeiramente, espiritualmente, academicamente, pessoalmente. Isso é uma implicação ruim em todos os aspectos de nossa vida. "Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto." (Jo 12, 24)

É preciso enraizar. E para isso, é preciso identificar o que está nos roubando de Deus. O que tem tomado tanto o meu tempo, consumido minha atenção? Só tomando consciência disso, poderemos voltar ao Pai, e então, retomar. Sem "auto-julgamento demais", muito menos "auto-piedade". Realista, ciente de suas limitações, mas com toda a esperança do mundo, porque cremos na misericórdia de Deus.E então, reiniciar a intimidade, a proximidade com Deus.

Então, vamos aos fatos. É o celular que distrai você? Ficamos vidrados na tela mesmo estando numa roda de amigos, na mesa do jantar de família... ou ele te impede de estudar, rezar. Faça um comparativo: pra rezar o terço tarde da noite, porque chegou cansado, você dorme, ou dá preguiça, mas fica até tarde da noite nas redes sociais. Você esquece de ler a liturgia diária, mesmo já existindo vários aplicativos pra isso, mas não está desatualizado do facebook.
Talvez já fomos vacinados para a escravidão do celular. Mas e as séries? O tal do netflix? Vira vício.

E você vê escapar entre os dedos aquela prova, não alcançou a nota, porque você se distraiu demais! Deixou de chamar pessoas importantes no whatsapp, ou melhor, ligar, porque se perdeu nos grupos e vídeos. As vezes você esquece tarefas importantes, e quando pensa pra onde foi seu cérebro, lembra que ele andou o dia ansioso rindo de bobagens na internet.

Quanta falta faz as pessoas se verem sem os celulares na mão, contar coisas olhando no olho, desejar a companhia física.
Vamos voltar ao arcaico, ao mano a mano, porque na época de Jesus Ele falava na cara, ele sabia ler não só pensamento, mas o olhar, o gesto. Será que sabemos "ler" as pessoas como tínhamos a capacidade de fazer?
Sinto sufocante a ditadura de estar automaticamente abrindo o face toda hora, o instagram, o whatsapp. Quero a liberdade, não estar presa a nada.

Proponha-se um desafio: uma vez por dia, ou nada disso, enquanto estiver para alcançar uma meta.
Seja diferente. Leia um livro, faça palavras cruzadas - mas não se vicie em nada. Quebre os paradigmas e fuja da alienação, tão útil para nos manter "não-pensantes" e longe, longe dos pensamentos de Deus.
Eu começo agora.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Status

O caminho da vida passa pelo status. 
Status é o lugar onde você se encontra agora, quem você é perante a sociedade e principalmente, como a sociedade te classifica. 
Status é aparência, são as posses, pode ser um cargo ou até mesmo a relação com outra pessoa. 

Conscientes ou não, todos temos um status. O que toca é a importância que damos a ele. 

É importante dizer que todo meio social tem status. E dependendo do meio, pode parecer que não é idolatria de status, mas é. 

A santidade pode se configurar como um status. Parece loucura dizer isso, mas é a verdade. Como a busca pela santidade é algo bom, pode parecer uma insanidade a minha afirmação. Mas afirmo porque eu mesma já tive a santidade como status, como orgulho e como merecimento.

Santidade como mero status é quanto você vai à missa todos os dias para bater no peito e dizer que vai à missa todos os dias. E ainda corre o risco de ser status mesmo se você decidir que não vai dizer para ninguém: quando você se vangloria para você mesmo porque vai à missa todos os dias, que isso te faz melhor que alguém ou te dá a certeza do céu. 
Quando você faz caridade e posta a foto na rede social, tipo assim, selfie com a pobreza/retiro/adorando/etc. Você não está divulgando o serviço, chamando outros para aquela vocação; você está se promovendo. Divulgar um serviço é tirar a foto só daquilo, sem você como personagem principal, é telefonar pedindo, é boca a boca ("amigo, você pode me dar uma ajuda para isso? vamos lá naquele momento para ajudar"), é escrever no status do face (sem foto) e deixar contato pra alguém realmente te encontrar.  

Desculpem, mas a linha é tênue mesmo. Você deve sempre se perguntar porquê esta fazendo aquilo. E isso é cura interior contínua. Corremos o risco de ficarmos mornos, enganados por nós mesmos sobre os motivos reais de estar numa caminhada, numa missão, de viver para Deus. E isso é perigoso, infrutífero, interrompe nossa escada ao céu.

Naquele tempo, 38Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande multidão: “Tomai cuidado com os doutores da Lei! Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas; 39gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. 40Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso eles receberão a pior condenação”. (Mc 12, 38-40)

Será que de vez em quando não queremos também os primeiros lugares na igreja, não nos vestimos até de modo bem simples, mas para mostrar que somos mais santos? Infelizmente, sim. Creio que todos já passamos por esse momento da vida, aquele em que você se orgulha pelo que mostra, pelo que parece, mas a grande maioria das pessoas não pára para refletir sobre isso.
E por que isso acontece? Por que todos temos no coração o desejo profundo de sermos amados. E quando desviamos esse desejo do único que pode realizá-lo - o amor de Deus -, vamos nos trocando por qualquer coisinha assim. Só que, por estar dentro da Igreja, achamos que estamos imunes, que já estamos no lugar certo. E aí acontecem as brigas, desentendimentos, por causa de posições, cargos, idéias, acontecem as desistências"porque ninguém ligava pra mim, porque fulano me tratou mal". Tudo isso é fruto da nossa falta de maturidade, e que Deus coloque sempre em nosso caminho as pessoas mais maduras, com mais discernimento, para nos indicar a verdade dos nossos atos, e os fatos.

Outra coisa que desmascara isso é o Evangelho. Fazer da nossa vida a vivência do Evangelho é trazer para hoje tudo aquilo que os apóstolos e todos os que se encontraram com Jesus viveram. Olhando para os discípulos disputando a direita e esquerda de Jesus, perguntando quem era o maior, entre tantos outros momentos, percebemos que somos exatamente iguais a eles, e que, se eles foram como nós, nós temos jeito! Jesus sempre ensina o caminho da cura, o caminho de ser amado, a solução para aquilo que não nos faz crescer, mas nos deixa estacionados no mesmo lugar.  

Então, fiquemos de olhos abertos para o que é essencial, para o que é mais importante. Status não é o que de verdade eu sou, só Deus conhece nosso coração. Devo ter uma conduta que testemunhe aos irmãos, que arraste, que converta, mas muitas coisas acontecem sem que isso precise ser propagado. Não esqueçamos que A ORAÇÃO CONVERTE, TRANSFORMA, AGE; superestimamos nossas forças, capacidades, e esquecemos de entregar tudo para Deus.


Não quero ser temerária demais, nem criticar a busca pela santidade, os bons costumes, as obras de misericórdia. Busquemos sempre isso, mas não esqueçamos de amar, de acolher, de nos importar com o que realmente importa: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo!

Que eu sempre seja sensível a perceber o objetivo da minha vida, e não me perder nas coisas que passam, nos detalhes, no que as pessoas acham de mim. Que eu me preocupe com o essencial e me baste no grande, infinito amor de Deus!

"Somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer" (Lc 17, 10) 

E graças, graças a Deus por isso!